Sim, eu sempre fui muito curiosa a respeito de vários assuntos e perguntava muito. Fui daquelas crianças que ao ouvir as respostas, que meus pais e minhas avós me davam, perguntava: “tá, mas por que é assim?”. Impaciente, queria saber o porquê do porquê!
Bem, sou de uma família de amantes da natureza e, também, de leitores, assim, já na infância ganhei muitos livros, e logo que fui alfabetizada, os livros passaram a ser meus companheiros. Além de aprender a gostar de livros, estórias e história, viajar nas letras e sonhar, gostava de estar na natureza, andar descalça e brincar no pequeno lago com meus irmãos.
Mamãe sempre nos levava aos parques e
cachoeiras e Papai contava histórias e nos ensinava o canto dos pássaros. Morava
na casa de minha avó, e tinha um terraço no último andar. Lá, no terraço, meu pai me
levava e mostrava as estrelas... imagina a quantidade de perguntas que eu
fazia!!!
Como vocês podem imaginar, cresci neste ambiente, saudável e
cheio de informações. Mas, ao contrário do que se pode imaginar, não fui uma
estudante exemplar. A verdade é que os assuntos que aprendia da escola não me
interessavam, ou melhor, a maioria deles para mim não faziam sentido. E assim
nasceu a ‘contestadora’, muito jovem, não entendia por que tinha que passar por
um aprendizado que, já naquele tempo, achava insosso, incompleto e desconexo.
Quando começava a chegar no que realmente me interessava, mudavam de assunto!!!
Aí, meu pai, pacientemente, explicava que era necessário, mas que eu podia,
através dos livros e das nossas conversas, obter as respostas que queria, e
aprender a fazer as perguntas certas, fora do colégio.
É claro, que no meio disso tudo, e chegando a pré-adolescência,
tinha muita briga, discussão e hormônios enlouquecidos, e... castigos. Nunca
foram castigos normais, pelo menos os que Papai aplicava. Mamãe era mais
prática, um chinelo e um beliscão, às vezes resolvia, mas quando Papai chegava
do trabalho... corre que lá vem os castigos mais inimagináveis!!! Só para vocês
terem uma ideia, até hoje detesto cozinhar, sim, é isso mesmo! Fiquei algumas
semanas, todos os domingos, cozinhando. Eu podia fazer tudo, ir a festas, ir à
praia com os amigos, voltar a hora que queria, tudo que uma adolescente gostava
naqueles tempos, mas, só após fazer o almoço de domingo para a família toda!!!
Mas na equação, eu tinha liberdade, na minha casa podíamos ser livres desde que
tivéssemos responsabilidade sobre os nossos atos.
Aos 14 anos, saímos do Rio de Janeiro e fomos morar na
Bahia, em Salvador. Imagina ser tirada do Rio de Janeiro na década de 70 e ir
para a Bahia!! Foi um choque cultural!! Fui contra a minha vontade, mas... tive
que me adaptar. A vida em liberdade que meus pais ofereciam para nós, que já
era criticada pela família no Rio, um lugar mais livre, na Bahia daqueles tempos
então... o tanto que incomodava os vizinhos, os amigos... imagino o quanto
tiveram que defender a nossa liberdade e a forma que nos educavam... Meus
Heróis!!!
Se antes eu já era uma leitora contumaz, agora, era o que mais fazia... ler, ler e ler. Neste tempo, aprendi a meditar com a minha avó. Foi a melhor coisa, aqueles exercícios respiratórios me levavam para outro lugar... isso foi crucial na minha vida, nunca mais parei de meditar. Às vezes todos os dias, outras vezes ocasionalmente, mas sempre medito, é o meu refúgio, meu aprendizado pessoal...
Por causa disso, comecei a comprar livros e ganhei de meus pais, uma assinatura de uma revista que tratava deste e de
outros assuntos alternativos maravilhosos... na primeira edição da revista vi
um anúncio, e foi assim que fiz um curso de fotografia. Mas na 3ª ou 4ª edição da tal
revista, veio uns artigos sobre astrologia e junto a técnica para fazer o
mapa!! Mergulhei nisso e queria mais e mais. Contei para as amigas, estava
entusiasmada... queria fazer aquilo para o resto da minha vida!
Um dia, estava com minhas amigas na praia do SESC, e um rapaz, mais velho que a gente, parou para cumprimentá-las, era um fotógrafo amigo do pai delas. Ele convidou a gente para umas fotos, e disse que já tinha falado com o pai delas. Topamos. O destino, ou que quer que você ache que foi, ‘bateu na minha porta’. Fomos para a praia de Stella Maris e ele nos fotografou*... Foi uma experiência incrível, mas o que veio depois foi melhor...
Vicente, é o nome dele e somos amigos até hoje, nos convidou para conhecer o seu laboratório fotográfico. Quando chegamos lá, conhecemos a Maria e a filhinha deles, Shaula, que na época tinha 8 meses, um bebê lindo!! Perguntei a Maria sobre o nome da bebê, ela me respondeu que era o nome de uma estrela da constelação de Escorpião... What?
E aí a descoberta de que o Universo nos ouve! Ela me contou que era... tcham, tcham, tcham... ASTRÓLOGA! Eu tinha 16 anos. Conversamos um pouco e depois fui encontrar com minhas amigas no laboratório do Vic. A vida os levou para São Paulo e perdi o contato. Segui com meus
estudos e leituras.
Um dia, uns 5-6 anos depois, estava trabalhando e, surpresa... o Vicente
entra na minha sala e cumprimenta uma moça que estava aguardando uma pessoa. Foi
aí que percebi que ela era a Maria, foi uma festa reencontrá-los. Soube que
tinham acabado de voltar para a Bahia. Encomendei meu mapa. Ela foi na minha
casa fazer a leitura... e me contou que iria abrir um curso de Astrologia,
claro que fiz o curso, e fui além... quando o curso acabou, como ficamos muito
amigas (somos comadres), ela continuou me orientando e comecei a atuar como Astróloga.
Foi assim que começou o próximo nível da minha “Jornada do
Herói!”. Finalmente, iria estruturar o conhecimento das estrelas que começou no
terraço da casa de meus avós... lá atrás!! Nunca mais parei de estudar, mesmo
quando trabalhava em outras áreas.